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Eu me comunico de forma violenta e provavelmente você também

Qual foi sua primeira reação ao ler esse título? "Eu? Só se for você, porque eu me comunico super bem e não sou violenta(o)". A gente tem a impressão de que ter um diálogo violento é só quando a gente é abusivo, xinga alguém ou diz coisas terríveis com a intenção de magoar. Só que a gente pode ser violento mesmo sem essa intenção.

Você já teve a sensação de que um conflito poderia ter sido evitado se as pessoas tivessem se comunicado de forma mais eficaz? Que tudo foi um mal entendido e que brigaram por uma bobeira?

De acordo com Marshall Rosenberg, uma comunicação pode ser violenta quando causamos dor e sofrimento à outra pessoa - até a nós mesmos. Quando a gente faz julgamentos morais, comparações, quando negamos nossas responsabilidades com a pessoa e os sentimentos dela, quando fazemos demandas ao invés de pedidos e até elogios (sim, até mesmo alguns tipos de elogios podem ser violentos).

Então, o que é a comunicação violenta? É a comunicação que limita a liberdade, impede o reconhecimento das necessidades, diminui o valor de uma pessoa, e / ou bloqueia a compaixão e empatia. A comunicação violenta é muitas vezes o resultado do uso de linguagem manipuladora ou coercitiva que induz medo, culpa, vergonha, elogio, dever, obrigação, punição e / ou recompensa.

A comunicação violenta acontece quando falamos e ouvimos (e ao pensarmos, através da conversa interna ou de conversas imaginárias).

Vou deixar aqui alguns exemplos de como a comunicação violenta pode acontecer:


1. Julgamentos moralistas e avaliações

Podem acontecer ao insultar, rebaixar as pessoas, rotular, criticar, diagnosticar ou

ver alguém simplesmente como "errado".

  • Meu filho mais velho é tão preguiçoso

  • Seu primo passou no vestibular. Por que você não passou?

  • Você é tão ingrato.

2. Não se responsabilizar por nossos próprios sentimentos, pensamentos e ações

Pode acontecer quando colocamos a responsabilidade dos nossos sentimentos, pensamentos e ações nos outros (sejam pessoas, autoridades, regras, regulamentos, papeis sociais ou impulsos incontroláveis) ao invés de em nossas próprias escolhas e necessidades.

  • Eu limpo a casa 3 vezes por semana, porque eu tenho que limpar.

  • Eu menti para o cliente, porque meu superior mandou.

  • Comecei a fumar, porque todos os meus amigos me pressionaram.

  • Eu odeio sair para trabalhar, mas vou, porque sou o homem da casa.

3. Demandas

Frequentemente acontecem quando há uma culpabilização implícita ou explícita, punições ou recompensas. Muitas vezes não comunicamos nossos desejos da melhor forma possível e nossos pedidos acabam virando demandas.

  • Se você não limpar seu quarto não vai sair.

  • Se não comer salada não vai ganhar sobremesa.

  • Se você fizer todas as tarefas de casa eu deixo você ficar mais tempo em tela.

4. Bloquear a compaixão e empatia

Acontece quando há uma compreensão intelectual da situação que leva a pessoa a tentar "consertar" uma situação exposta por outro indivíduo. Fornecendo, assim, feedback que aconselha, que e o coloca em “vantagem” em relação ao outro e que coloca o outro para baixo, simpatiza com, educa, consola, conta histórias pessoais, corrige, explica ou interroga uma pessoa.

  • Você vai ficar bem se tentar isso aqui…

  • Não fica triste, aconteceu algo parecido comigo quando…

  • Mas eu te falei para não comprar esse carro, viu no que deu? Agora você precisa…

Você se identificou com alguma (ou algumas) dessas situações? Você não é a(o) única(o). Você pode pensar: “Tudo bem, eu me identifiquei e percebi que não só eu falo de vez em quando de forma violenta, como também já falaram comigo de forma violenta. E agora, o que eu faço?”

O próximo passo é aprender uma forma de comunicação clara, empática e que fala o que está vivo dentro de nós. Por isso fique atenta(o) ao meu perfil, porque semana que vem falarei sobre como se comunicar sem ruídos e isso pode fazer toda a diferença nas suas relações com amigos, parceiros, familiares, colegas de trabalho e de escola.


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