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Unboxing de projetos antigos

Já na faculdade de Psicologia, durante o estágio da clínica para ser mais específica, escutava de meus professores que não é raro aparecer pessoas com ‘problemas’ similares aos nossos. Fiquei preocupada quando minha professora/supervisora nos disse isso. Sorte que, pelo menos pela minha percepção, tínhamos um ambiente super acolhedor após os atendimentos. Conseguíamos nos abrir e falar sobre as dificuldades de atender determinados casos. Por que estou falando tudo isso? Porque essa ‘coincidência’ de aparecer casos parecidos com a minha vida pessoal não acabou na faculdade. Ela continua. De forma mais branda, sutil, com pinceladas de aquarela encharcada de água, mas continua. E essa semana apareceu uma dessas ‘coincidências’ que me chamou a atenção e de certa forma me despertou.

E nessa mesma semana uma antiga colega da faculdade veio me perguntar o motivo de eu não postar mais em meu perfil profissional do Instagram. Deu um feedback maravilhoso dizendo o quanto gostava dos meus posts.

É curioso como certas coisas acontecem isoladamente, mas quando se juntam à nossa vivência fazem toda a diferença. A pessoa que atendi e minha colega falaram coisas distintas que meu cérebro interpretou de uma forma: volte a escrever sobre psicologia, resgate seu projeto. Ao mesmo tempo que é pequeno - quando se para para pensar é só um blog, um perfil profissional no Instagram - é ao mesmo tempo algo bem grande. Quando penso na minha jornada, nos motivos pelos quais eu comecei, que eu estudei Psicologia, as coisas ficam mais claras. O que eu quero é uma psicologia livre, que alcance diversos públicos, quero

promover reflexões, discussões, quero trocas e relações. Uma psicologia sem fronteiras e barreiras. É pedir demais? Talvez. Mas eu vou fazer a minha parte.

Tudo isso para dizer que vim resgatar esse projeto antigo que havia sido encaixotado e deixado ali de lado juntando poeira. E, diferente do que possam pensar, é mais difícil do que parece resgatar algo que já foi começado. Algo que já foi pensado muitas vezes antes, analisado, amaciado, sonhado. Dizem que a parte mais difícil é começar, mas e quando o projeto já foi começado? A gente lembra dos motivos que fizeram a gente dar um tempo, lembra-se das frustrações, das dores que podem surgir e fica cada vez mais difícil continuar. Por isso foi bom eu ter dado um tempo. Talvez se tivesse forçado teria escrito coisas que não são honestas, que seriam postadas apenas por postar. Sem sentido, sem significado.

“Como eu sei se estou pronto para fazer o unboxing de um projeto antigo?”, você pode me perguntar. Acho que a resposta está dentro de cada um de nós, mas pode ser que apareçam sinais. Quando a gente percebe, por exemplo, que a vontade volta a ser maior que o medo. Quando aquilo volta a fazer sentido e quando volta a te completar. Quando dá aquele frio na barriga de emoção em pensar em desencaixotar aquele sonho.

Quando estiver frustrado com algo, empacado em algum projeto, descanse, dê um tempo. Mas não largue ele ali no canto juntando poeira por muito tempo. Isso pode virar um hábito. O hábito de encaixotar sonhos. Se um já é difícil de tirar da caixa, imagina pilhas e mais pilhas deles?

E você, qual projeto irá tirar da caixa essa semana?



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